Caindo aos bocados

Tenho andado a pensar muito sobre isto. Sinceramente, não consigo manter a minha cabeça ocupada com nada a não ser de como tal aconteceu. Foi como se tudo tivesse sido um sonho; um sonho bom e duradouro, quase eterno. Tudo tem o fim, sempre teve, até a vida o tem, mas será que nós realmente o tínhamos?
Pareço uma tola, eu sei. Parece que voltei a ser uma miudinha pequenina que precisa que lhe limpem as feridas depois de uma queda, mas que apenas quer que uma pessoa o faça, e que por muito irónico que seja, quer que seja a pessoa que a fez cair. Afinal de contas, qual é a diferença entre isso e um coração partido?! Feridas internas. Feridas externas. Todas doem, umas mais que outras, mas não deixam de doer. Massacras-me por dentro só de pensar como tudo está, só de viver e ver como tudo está. Não consigo mover-me deste pequeno quadrado onde me encontro, como se algo me tivesse a impedir. Não consigo olhar-me ao espelho sem pensar onde foi que eu errei, onde foi que eu falhei. Foi daquela vez que te disse que não ou foi quando disse que sim? Foi naquela tarde maravilhosa que tu criaste só para mim, ou foi naquele momento em que me ri? Eu não sei. É um vazio tão grande que se encontra dentro de mim. Retira-me a vontade para tudo, até para me levantar todos os dias. Custa bastante, dói bastante saber que o motivo que me fazia sorrir à anos e anos, que me dava força e era (quase) sempre eu e tu contra o resto do mundo, agora ficou apenas eu; ficou apenas tu. Não precisamos de voltar a ser um "nós", ser eu e tu já é tão bom, foi tão bom. Cada mensagem, cada conversa, cada tarde, manhã, noite ao teu lado, tanto para rir como para chorar, foram tão espontâneas e ao mesmo tempo pareciam programadas, mas era isso que fazia delas especiais.
Cada vez que me lembro, de no Verão, quando saíamos do trabalho e cada um estava mais cansado que o outro, mas havia sempre força para mais um sorriso, para mais um abraço, para mais um beijo. Isso dá-me força, dá-me esperança. Faz-me criar expetativas que na realidade não me levaram a lado nenhum, mas como se pode seguir em frente quando apenas existem boas recordações? Como é possível enfrentar um futuro sem ter alguém com que o fazer?! Programamos tanto, planos futuros que, pelos vistos, nunca chegaram a existir. Eu não acreditava no futuro até tu apareceres, desta forma, em mim, e agora, parece que ele não há. Nunca acreditei que poderia ser assim, tão feliz com alguém, apenas sendo eu própria, sem medos. Mais arranjada, menos por arranjar, podia ser sempre eu, sem julgamentos, só com honestidades.
Pareço uma tola, mas ao menos pareço uma tola que foi feliz. Só isso já não é alguma coisa?

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